A EHF disponibilizou no dia 02.10.09,uma entrevista com um grande senhor do andebol mundial Talant Dujshebaev, do qual vale a pena ler.
Construindo a equipa do futuro
“Quem ri por último, ri melhor” - Este provérbio tornou-se válido na última temporada da Liga dos Campeões. Apesar do THW Kiel ter vencido o primeiro jogo da fase final 39:34, o Ciudad Real conseguiu inverter o resultado no segundo jogo e acabar por levantar o troféu pela terceira vez depois de 2006 e 2008.
No entanto, desde então, muita coisa mudou em Ciudad Real. Seis jogadores de topo deixaram o clube, três caras novas chegaram e a equipa ainda foi reduzida. Isso não constitui problema para o treinador Talant Dujshebaev de 41 anos. "Eu como treinador só olho para o futuro, nunca para o passado", disse em uma entrevista com Eurohandball.com antes do início da nova temporada.
Dujshebaev: O mundo inteiro foi afectado, a Espanha inteira, todo o desporto, andebol, futebol - não é um bom momento agora. Somos todos afectados também, mas estou optimista de que podemos lidar com a crise.
Eurohandball.com: Neste caso, o quão importante é o seu principal patrocinador e presidente, Domingo de Mera para o clube?
Dujshebaev: Estou muito satisfeito com este presidente e estou-lhe muito grato por tudo. Ele faz bem o seu trabalho, ele tem o seu papel no clube, tal como eu tenho o meu. Nunca ninguém aqui teve ou tem qualquer problema com o nosso presidente.
Eurohandball.com: Rutenka, Stefansson, Urios, län, Pajovic, Zorman - seis dos melhores jogadores deixaram o clube após a última temporada. Será a sua actual equipa é comparável com a equipa da temporada passada?
Dujshebaev: Temos uma equipa nova, isso é certo. Mas eu nunca olho para o passado, apenas para o futuro. Então eu não me importo de qualquer comparação. Cada jogador, que estava em Ciudad Real, desempenhou um grande papel para elevar o clube até ao topo. Todo mundo deu a sua contribuição a 100 por cento. Agora temos novos jogadores e todos têm a mesma importância nos meus planos.
Eurohandball.com: Será que este vai ser o seu maior período de transição desde que está em Ciudad Real?
Dujshebaev: Não, nós tinhamos planejado deixar sair sómente três jogadores. A transferência de Siarhei Rutenka para o Barcelona foi uma surpresa para mim, mas não podíamos fazer nada contra a oferta do Barcelona que era irrecusável. Se um jogador quer deixar o clube, nós não devemos impedi-lo - isso não faz sentido. Nós só queremos na nossa equipa jogadores que estejam absolutamente disposto a jogar no Ciudad Real e que desejem assumir toda a responsabilidade pelo facto.
Eurohandball.com: Evdokimov, Aguinagalde, Canellas - em contraste com anos anteriores, estes novos jogadores não são "grandes nomes". Qual é a sua impressão sobre eles?
Dujshebaev: Estou muito satisfeito. Isso significa sempre muito trabalho para um novo jogador, para conhecer o nosso sistema de jogo. É uma grande vantagem para os nossos dois novos jogadores espanhóis que não têm qualquer problema de linguagem. Evdokimov precisa de tempo para aprender. Mas vamos contar com todos eles, dar-lhes o tempo necessário para se integrarem, e nós estamos muito contentes com eles.
Eurohandball.com: Na última temporada Ciudad Real venceu o campeonato espanhol e a Liga dos Campeões - são novamente estes dois títulos os objectivos para a próxima temporada?
Eurohandball.com: Pela primeira vez na história da Liga dos Campeões será decidida em um torneio Final4. Que equipas jogarão em Colónia, no final da temporada?
Dujshebaev: O topo da Liga dos Campeões, tornou-se mais dificil, a concorrência é tão equilibrada como nunca o foi antes. Existem umas dez equipas que podem chegar ao Final4 - Kiel, Hamburgo, Barcelona, Ciudad Real, Montpellier, Rhein Neckar Löwen ou Veszprém são os principais concorrentes. A parte decisiva da competição será nos quartos de final, quando alguns dos favoritos se vão defrontar entre si e eliminarem-se uns aos outros.
Eurohandball.com: Ciudad Real venceu a Liga dos Campeões em 2006, 2008 e 2009. O seu clube deseja igualar o feito do Barcelona, na década de 90, quando eles tiveram o papel dominante nas competições de clubes da Europa?
Dujshebaev: Ficaríamos contentes se pudéssemos começar essa nova era de sucesso. Barcelona é o nosso ídolo. Mas olhe também para as outras equipas, por exemplo o Kiel, da Alemanha: eles também são os maiores! E nós queremos ser como eles. É uma grande honra para nós, estar neste círculo de grandes equipas de classe mundial.
Eurohandball.com: Alguns especialistas dizem que você é actualmente o melhor treinador de andebol no mundo. Você concorda?
Dujshebaev: Os melhores e as mais importantes figuras no andebol são os jogadores, não os treinadores. Eu ainda sou um jovem treinador e cometo muitos erros.
Eurohandball.com: Espanha e Alemanha lutam pela posição de "melhor liga do mundo". Você que já jogou na Alemanha e na Espanha, e agora que está treinando um clube espanhol. Seria interessante para você treinar um clube alemão no futuro?
Dujshebaev: passei quatro bons anos na Alemanha, onde eu estava completamente satisfeito. No meu interior ainda há esperança e vontade, e talvez eu regresse a Alemanha qualquer dia.
Eurohandball.com: A corrupção com os árbitros despertou demasiada atenção na CL da temporada passada. Será que alguma coisa já mudou a esse nível no panorama internacional?
Dujshebaev: Alguma coisa tinha que ser alterada e a forma como a EHF está a tratar agora deste assunto, é um bom caminho. Os árbitros agora, antes das partidas estão bem afastados dos clubes, e isso é bom para o desporto em si. A organização está bem melhor agora.
TEXTO: Björn Pazen
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