A equipa sénior do andebol vitoriano começa amanhã, pelas 18.00 horas, em Setúbal, frente à A.Art. Avanca a sua caminhada na Fase Final do «nacional» da II Divisão, etapa em que se discute a subida ao primeiro escalão da modalidade a nível nacional, existindo dois lugares em abertos para disputar entre as seis formações presentes – Vitória, Marítimo, Sismaria, ADA Maia, AC Fafe e Avanca. Os homens do Pavilhão Antoine Velge estão determinados a lutar até à última gota de suor para voltarem a ver o verde e o branco no topo mas para isso, dizem-nos, precisam de um reforço de apoios que lhes permitam condições de trabalho consentâneas com as exigências da competição. E não pedem muito. Pedem que a cidade se envolva, para que se lute por ter de novo andebol de primeira.
Reportagem de António Elias
Vão longe as «noites loucas» do «Antoine Velge», como dizia o nosso colega Casas Novas, mas o andebol vitoriano não perdeu a mística e o plano que foi traçado no clube nas temporadas que se seguiram ao ressurgimento da equipa de seniores está a ser seguido, desportivamente, com os passos que estavam previstos, isto é, começar do escalão mais baixo a nível nacional para se atingir um patamar em que se possa lutar pela subida à I Divisão, à Andebol 1, segundo a denominação presente.
Mas, e não é de todo surpreendente, conhecendo o panorama financeiro do clube e as dificuldades sentidas, a todos níveis, na cidade, a caminhada tem sido dura no aspecto da gestão do departamento. Dirigentes, técnicos e jogadores têm feito um esforço grande para manter o barco a navegar sem grandes sobressaltos nas ondas das carências financeiras mas tudo tem um limite e, por exemplo, o «capitão» de equipa, Pedro Carvalho, sem querer, disse-nos, «atirar responsabilidades» para cima de outrem ou entrar numa maré de «lamentos», revelou que no decurso desta época há jogadores do plantel principal que «pagam para treinar» porque não tem sido possível conseguir o suporte suficiente para cumprir com as condições acordadas, e isto fora de um quadro de profissionalismo, nem mesmo aproximado.
«ENVOLVIMENTO DA CIDADE»: Não obstante as dificuldades, a equipa, disse-nos Carlos Santos, coordenador do departamento, «cumpriu os objectivos» propostos nas últimas três épocas e, agora, o ambiente geral «diz» que não é altura de parar de lutar. «Recusamo-nos a não ter a ambição de subir à primeira divisão», atirou o dirigente, «e estamos dispostos a ir até ao fim». «Ao fim e cabo», continuou Carlos Santos, «queremos sensibilizar a cidade de Setúbal para que se envolva mais fortemente nesta caminhada para a qual consideramos ter forças… a cidade e o próprio clube». «Não quero, porque sei como as coisas são no aspecto financeiro, que se pense que estamos a confrontar o clube com exigências impossíveis, apesar de nesta temporada ainda não termos recebido um tostão; pretendo somente, e é um caso, que nos dêem a garantia de que nos jogos que vamos disputar fora de casa nesta Fase Final, possamos contar com o mínimo de condições para pensarmos em respostas competitivas a sério», avançou o dirigente vitoriano, lembrando um caso: «No dia 19 de Março vamos jogar ao Norte com a ADA Maia e apenas gostaríamos de saber se podemos contar com o segundo autocarro do clube e com a possibilidade de cobrir as despesas com a alimentação, isto porque caso contrário teremos de sair de Setúbal à uma da tarde do dia do jogo para ir competir à seis… como se percebe, assim vai ser difícil. Fá-lo-emos, se não houver outra hipótese, mas estas palavras são apenas para sensibilizar as pessoas. A verdade é que todos os nossos esforços para cobrir as despesas, e mesmo com boas vontades de patrocinadores e de pessoas que nos ajudam, têm sido insuficientes, não se vislumbrando cenários mais optimistas». Aqui, Pedro Carvalho, voltou à liça: «Não é por dinheiro que aqui andamos, é evidente, mas gostaríamos de ter mais condições num plano competitivo que já é muito exigente. Estamos dispostos a ir até ao fim e lutar mas, sinceramente, receio que depois de tudo o que se fez até agora, o trabalho acabe por ficar a meio. O nosso objectivo é lutar até ao fim pela subida porque foi a isso que nos propusemos».
«Desde a IV Divisão!», atalhou o treinador Jorge Fernandez, com quem falámos sobre as possibilidades de êxito do Vitória na Fase Final, lembrando que os setubalenses tiveram de cumprir uma época na III Divisão que não serviu para nada, voltando a repetir a presença até atingirem a actual situação, de forma sempre progressiva. Jorge Fernandez afirmou que apesar de ser sabido que equipas como o Marítimo, ADA Maia e AC Fafe são muito fortes, o Vitória tem capacidade para discutir a subida. «Ainda ninguém ganhou nada! O Vitória até pode ter uma vantagem: a de não ser dado como favorito».
Carlos Santos lembrou também que não é só plano imediato, para enfrentar a Fase Final, que está em causa: é a consolidação do plano elaborado para o andebol vitoriano, que se estende necessariamente para o futuro: «Ao longo desta época, a mais exigente, não conseguimos, praticamente, patrocínios significativos, se bem que estejamos muito agradecidos a todos aqueles que nos têm apoiado dentro das suas possibilidades. Por tal, apelamos à cidade de Setúbal para que se reveja num projecto que pode levá-la ser a única representante do Sul no topo do andebol português. Quanto ao clube, uma palavra simples: que não deixe de partilhar este projecto connosco! Começámos do zero e até agora cumprimos tudo o que foi inscrito no plano desportivo. Está na altura de todos envolvermos porque até agora não se falhou em nada e entre nós há vontade de lutar».
CONTRATO: Na altura em que falámos com o coordenador do departamento, Carlos Santos adiantou que estaria para breve a aprovação pela autarquia dos termos de um contrato-programa cuja aplicação, na sua quota, no andebol, viria a resolver várias dificuldades em curso, e falou numa verba entre 15 a 20 mil euros. A este respeito, a edilidade, em nota pública, revelou já que foi aprovado anteontem um contrato-programa a estabelecer com o Vitória Futebol Clube, no âmbito do desenvolvimento desportivo para 2011, que permitirá ao clube vir a dispor de uma verba de 72 mil euros para apoiar as modalidades amadoras, quanto a «despesas de alimentação, deslocações, equipamentos e formação técnica».
JOGO: O primeiro encontro dos vitorianos na Fase Final da II Divisão realiza-se amanhã, pelas 18.00 horas, no «Antoine Velge», frente à A.Art. de Avanca. Nesta etapa da prova estão presentes além das duas equipas referidas, o Marítimo do Funchal, ADA Maia, AC Fafe e AC Sismaria. São promovidos os dois primeiros classificados.
Fonte: Trissemanário O Setubalense
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