ENTREVISTA COM A “ARMA MORTÍFERA” DO ANDEBOL DO CPN: CARLOS PIEDADE
«A subida à 3ª Divisão Nacional está totalmente ao nosso alcance»
Ele é um dos rostos da juventude aguerrida e talentosa que por esta altura conduz com sucesso a equipa sénior de andebol do CPN nos caminhos da Prova de Acesso à 3ª Divisão Nacional para a época 2011/12.
Jogador versátil, que actua sobretudo na posição de central, ele apresenta uma qualidade acima da média, e a prova disso – umas das muitas provas, na verdade – é que aos 19 anos, e ainda com idade de júnior, foi coroado rei entre homens feitos nas andanças do andebol sénior... rei dos marcadores da 1ª fase da citada competição, com 106 golos em 14 jogos realizados!
Num discurso humilde e ao mesmo tempo ambicioso, ele recorda o passado, desvenda os segredos do presente vitorioso do CPN, e encara com determinação o futuro. Sem mais demoras passamos a palavra a Carlos Piedade, andebolista com quem o nosso jornal manteve uma breve conversa pouco antes de mais um treino dos seniores cepeenistas.
Fotos MANUEL VALDREZ
A Voz de Ermesinde (AVE): Regressou nesta temporada ao CPN depois de aqui ter iniciado o seu trajecto no andebol há cerca de 10 anos atrás. E neste regresso trocou o Águas Santas, um clube com uma elevada projecção no panorama andebolístico português por um projecto de menor dimensão, de certa forma. Quem olhar à primeira vista poderá pensar que este foi um passo atrás na sua ainda curta carreira...
Carlos Piedade (CP): Não. Encaro este regresso como um desafio. Um desafio diferente dos que tive até agora, pois ao invés de andar por cima como estava habituado nos últimos anos estou agora num escalão inferior, a lutar para poder subir uma divisão. E este é um desafio aliciante, já que depois subir uma divisão queremos subir outra, e depois outra, e assim chegar a um escalão mais alto. Decidi regressar também porque a época passada não me correu muito bem no Águas Santas, onde fiquei desiludido com algumas opções do meu treinador de então, pelo que decidi deixar o clube. E escolhi o CPN porque além do tal desafio de que já falei também conheço bem as pessoas daqui, e porque sei que este é um clube onde posso continuar a trabalhar e a desenvolver as minhas capacidades.
AVE: É portanto um regresso a casa, onde esteve numa primeira vez dos 9 aos 10 anos e numa segunda dos 13 aos 14, e onde venceu um Encontro Nacional, um Campeonato Regional de infantis masculinos e onde foi vice-campeão Nacional da 2.ª Divisão de iniciados...
CP: Eu comecei aqui em pequenino, com 9 anos, depois saí para o FC Porto na altura da transição do escalão infantil para iniciado e lá permaneci durante seis épocas. No Porto passei a maior parte da minha carreira e foi onde me fiz “mais” jogador. Contudo, as minhas raízes estão aqui, no CPN.
AVE: E olhando para o seu desempenho até ao momento este retorno à casa-mãe não poderia estar a correr melhor, tanto em termos colectivos como em termos pessoais...
CP: É o fruto não só do trabalho que desenvolvo durante a semana, mas sobretudo do trabalho da equipa. Estamos a jogar bem e assim sendo as coisas tornam--se mais fáceis em termos individuais, o que tem permitido que eu brilhe um bocadinho mais. Mas se não fosse o trabalho de equipa eu se calhar não marcava 8 ou 9 golos por jogo, marcava menos.
AVE: Colectivo que apesar de muito jovem tem colocado em sentido equipas bem mais experientes ao longo desta Prova de Acesso à 3ª Divisão Nacional, numa prova clara de que a Secção de Andebol do CPN tem levado muito a sério o trabalho ao nível da formação nos últimos anos…
CP: Sim, há muita qualidade no CPN e além disso há trabalho, claro. Esta época defrontámos clubes com muita qualidade mas onde o trabalho não era bem feito. Aqui há trabalho e qualidade. Nesta temporada ganhámos o respeito de equipas que já andam nisto há muitos anos, pois à partida nós para eles não passávamos de miúdos...
AVE: ...Sentiram-se subestimados?
CP: Sim, de certa forma. Somos uma equipa muito alegre, bem disposta, mas que quando entra em campo trabalha, dá o seu melhor, o que fez com que as outras equipas, mais experientes, não tenham tido o melhor resultado contra nós. Temos um grupo muito jovem, com uma média de idades a rondar os 21/22 anos, mas num campeonato sénior, onde temos jogado contra adversários com médias de idade muito maiores, a nossa juventude acaba por ser uma vantagem, pois a nossa velocidade e o estilo de jogo adequa-se melhor para jogar contra jogadores mais experientes.
AVE: Terminaram em 2º lugar na 1ª fase da Zona Norte da Prova de Acesso, o que vos garantiu o “passaporte” para a fase final do certame. E agora? Qual irá ser o próximo passo, a subida à 3ª Divisão Nacional que está ali tão perto?
CP: Sem dúvida, a subida é o objectivo. Estamos a trabalhar bem para o atingir, além de que não é nada de impossível e está totalmente ao nosso alcance. Por isso podem contar connosco. De mim e da restante equipa podem esperar o máximo, vamos dar tudo o que temos nos jogos, se for para cair para o lado caímos, o objectivo é a vitória, sempre.
AVE: Não podemos deixar de notar que o seu sucesso individual é ainda mais relevante tendo em conta que esta é a sua primeira experiência como sénior. Isso quer dizer que não houve quaisquer tipo de dificuldades de adaptação a este escalão, ou estamos enganados?
CP: Não posso dizer que tive dificuldades nos seniores, tive de me adaptar, isso sim, pois o tipo de adversário que temos é um pouco diferente daquele a que estava habituado nos juniores. Nos seniores os adversários são muito mais fortes fisicamente, sabem mais, têm mais manha, mas não é nada complicado de ultrapassar, e além disso é uma boa experiência porque podemos aprender com eles, pois não podemos esquecer que somos novos e estamos numa fase de aprendizagem.
AVE: Como tantos jovens na sua idade o Carlos encontra-se ainda a estudar. Contudo, a conjugação entre desporto de alta competição e estudos nem sempre é perfeita, ambos requerem muita dedicação e nem sempre é fácil conciliar as duas vertentes. Como tem sido a sua experiência neste campo?
CP: Eu estou a estudar Engenharia de Redes e Sistemas Informáticos, na Faculdade de Ciências do Porto.
Entrei no ano passado, e não foi fácil a conciliação entre o andebol e a faculdade. Na altura jogava no Águas Santas e treinava todos os dias, foi complicado, tive de me mentalizar, redobrar o empenho, e fazer um esforço para me adaptar à universidade, e posso dizer este ano está as coisas estão a correr melhor.
AVE: E se um dia tiver de optar por um destes dois amores?
CP: Eu como miúdo que sou, ambiciono jogar andebol ao mais alto nível, mas gostava também de terminar o meu curso, de que gosto bastante. Se conseguir aliar os dois óptimo!, senão ainda não sei qual a opção que farei... o futuro o dirá.
Artigo de Miguel Barros do Jornal Voz de Ermesinde
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