sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Andebol Entrevistas – Henrique Torrinha, Presidente da FPA analisa actual momento do andebol nacional

«Queremos as selecções no topo mundial até 2018»

JORNAL da MADEIRA: Como é que analisa o momento actual do Andebol em Portugal?
HENRIQUE TORRINHA
: Neste momento estamos a dois terços daquilo que nos propusemos em 2004 e com objectivos estratégicos até 2012. O que temos conseguido é importante e queremos continuar a manter este nível. Brevemente vamos apresenta às associações regionais o novo ciclo que denominamos “Nós 2013/2020”, para continuar a 2.ª metade deste ciclo de uma modalidade colectiva que, no mínimo, são de 12 anos.
JM:
No Andebol masculino foi importante o regresso das equipas ao campeonato federativo?
HT:
É sempre importante. O Andebol estava partido, pois na Federação estava parte das selecções nacionais e na Liga estavam os clubes. Esta união veio potenciar o “produto” Andebol, que felizmente estamos a trabalhar todos em conjunto - clubes, treinadores, árbitros... - e só assim que é possível termos um “produto”. Num futuro próximo quem não vencer vai definhar com certeza.
JM:
Um Campeonato onde a opção foi pelo atleta português, em detrimento dos estrangeiros. Isto vem beneficiar o trabalho do seleccionador?
HT:
Isso é sempre muito subjectivo. Logicamente que neste momento potencia o seu trabalho e temos visto nas competições internacionais estarmos a lutar com as mesmas “armas” que os outros. Por exemplo, na qualificação para a Liga dos Campeões, onde as outras equipas tinham estrangeiros e grandes “estrelas”, a equipa portuguesa representativa nessa competição, só com atletas portugueses, não continuou por um pequeno pormenor. Nas outras competições passamos a 2.ª e 2.ª eliminatórias e o Sporting venceu a Taça Challenge. Temos 10 equipas nas competições europeias e não há nenhuma modalidade que, de facto, esteja com esta dinâmica. Tudo isto é que faz o “produto” andebol e só temos que nos regozijar com isso. Não devemos embandeirar muito, mas fazendo análises e avaliações substantivas, todos em conjunto, para o futuro ainda ser melhor.
JM:
Mudando para o Andebol feminino, porque é que a Madeira foi escolhida para a realização deste grupo de apuramento?
HT:
Deve-se ao reconhecimento do trabalho que está a ser desenvolvido no Andebol feminino na Madeira e que, há uns anos a esta parte, olhou e muito bem para a componente da formação, nos escalões de “base”. Inverteu um pouco aquilo que era o futuro e que eu referi com muito agrado: das 20 atletas que a Região tem nas selecções nacionais 15 são formadas cá e no fundo é potenciar tudo isto, dando oportunidade aos treinadores que o maior número possível estejam habilitados a trabalhar ao mais alto nível. Isso é fundamental para aquilo que preconizamos para a Madeira, por forma a não estarem dependentes só de um ou dois treinadores que se deslocariam ao continente para fazer formação.
JM:
Como é que analisa o grupo de Portugal?
HT: 
Eu não estou muito preocupado. Se nos qualificarmos é excelente, caso contrário o trabalho continua e no feminino está definido. A avaliação substantiva, como disse, vai ser feita em 2012. Estamos a preparar um seminário sobre o Andebol feminino para esta época, de modo a que, todos em conjunto, possamos discutir e perspectivar o que serão as competições a partir de 2012.
JM:
Portanto, muito trabalho ainda a realizar, tanto nos masculinos como nos femininos, para que Andebol possa dar o salto qualitativo que todos esperam?
HT:
É evidente que sim. Como referi, até determinado escalão ombreamos com todos os países, mesmo com as grandes potências, por isso temos de continuar a trabalhar para termos as mesmas prestações, em todos os escalões.
JM:
Espera, por isso, que entre 2013 e 2018 as selecções “A”, tanto nos masculinos como nos femininos, possam aparecer no topo do andebol mundial?
HT:
É esse de facto o objectivo. Nos masculinos, estamos mais adiantados, porque iniciámos o ciclo em 2004. Nos femininos foi mais tarde, mas a base da selecção nacional são jogadoras nascidas em 84/85. Daí para cá, parece que já as vimos jogar há muitos anos e ainda algumas vão fazer 25 anos. Falta-lhes ainda maturidade, por isso temos de dar mais algum espaço para poderem evoluir. Daí que nos espera muito trabalho.
JM:
Que mensagem gostava de deixar às jogadoras que vão estar neste apuramento?
HT:
Que continuem a trabalhar. Que acreditem, como nós acreditamos, e julgo que, neste momento, estão reunidas as condições, porque quando apresentamos aquilo que íamos fazer elas mostraram-se interessadas e entusiasmadas. Estamos com quem quer estar e quer fazer sacrifício, todos neste espírito.
JM:
Esta equipa tem capacidade para atingir o apuramento?
HT:
É como lhe digo. Estamos na prova para ganhar, mas se não conseguirmos não se passa rigorosamente nada. É isto que elas sabem. Vão jogar o seu jogo, que lhes dê gozo. Assim, se ganharem tanto melhor, se não ganharem vamos trabalhar mais ainda...

Entrevista de  Carlos Jorge do Jornal da Madeira

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